Para lhe ajudar a entender mais sobre este exame, preparei este post.
Histeroscopia é um procedimento dito “minimamente invasivo”, ou seja, realizado de uma forma muito delicada e precisa, de maneira que evita grandes incisões ou cirurgias, ao contrário dos procedimentos mais tradicionais. Ela é realizada através da vagina com um aparelho muito fino e com uma ótica na ponta.
Existe a histeroscopia diagnóstica, na qual se utiliza um aparelho com 4 mm de diâmetro, com uma microcâmera muito delicada. Esta microcâmera nos permite ter visualização direta do interior da cavidade uterina. Assim fica possível identificar lesões como pólipos, sinéquias (tipo de aderências), miomas submucosos, alterações do endométrio e até mal formações uterinas.
Quando se trata de histeroscopia diagnóstica é importante salientar que ela pode ser realizada sem anestesia e em consultório médico, ou seja, fora de ambiente hospitalar. Isto porque, normalmente são rápidas e com pouquíssima manipulação uterina.
Normalmente, neste exame diagnóstico, se utiliza gás (CO2) para a distensão das paredes do útero. Além do gás, pode-se também utilizar solução salina, tipo soro fisiológico.
Quando falamos em histeroscopia cirúrgica estamos nos referindo a um procedimento endoscópico, que possibilita a visualização e o tratamento cirúrgico de algumas situações específicas intrauterinas.
A vídeo histeroscopia ou histeroscopia cirúrgica é, normalmente, realizada em ambiente hospitalar com a paciente sob sedação. Isto porque ela é realizada com equipamento um pouco mais calibroso que a histeroscopia diagnóstica e o centro cirúrgico é um ambiente mais seguro, pois há risco de sangramento. Portanto, a realização em hospitais ou clínicas especializadas aumentam a segurança para a paciente e para a equipe médica.
Para este tipo de procedimento é necessária a utilização de meios líquidos que promovam a distensão da cavidade uterina. Pode ser utilizada uma solução de Manitol-sorbitol ou até soro fisiológico, dependendo do tipo de eletrocautério a ser escolhido. Existem outras opções, mas, escolhi colocar aqui os que eu pessoalmente prefiro.
O tempo de cirurgia varia bastante, dependendo de cada situação, porém costumam ser rápidos, variando entre 30 e 60 minutos.
A maioria dos casos podem ser liberados após cerca de 2-3 horas do internamento. Poucas situações necessitam de internamento hospitalar por um tempo maior do que 6 horas. Variando, claro, da opção de cada equipe médica e de cada caso, uma vez que o estado geral de saúde varia muito de paciente para paciente.
De uma forma geral, quais seriam as indicações de uma histeroscopia cirúrgica:
1- Biópsia dirigida de endométrio:
É a indicação mais frequente, realizada para a avaliação mais cuidadosa quanto a “saúde” endometrial.
Indentificada a área suspeita (ou por espessamento endometrial ou alteração de vascularização), é realizada a biópsia do local com pinça específica, retirando-se um bloco de tecido, que será posteriormente encaminhado para o laboratório, onde a patologista terá oportunidade de avaliar e laudar a natureza da lesão.
2- Lise de sinequias
Sinéquias são como pequenas traves ou cicatrizes entre as paredes uterinas. Elas podem causar desde cólicas, retenção de material menstrual ou até dificuldade para engravidar. Algumas são muito espessas, são ditas sinequias fibrosas e outras são muito tênues, são as sinequias mucosas.
As sinequias mucosas são desfeitas até pela própria utilização do líquido na distensão da cavidade uterina. São delicadas e vão se desfazendo bem facilmente durante o exame. Normalmente tem ótimo prognóstico, ou seja, uma vez desfeitas, dificilmente voltam a se formar.
As sinequias fibrosas, são formadas por tecido cicatricial mais espesso, ou seja, são traves mais grossas e portanto mais difíceis de serem desfeitas, necessitam de utilização da alça para secção deste tecido. Este corte é realizado com auxílio de microcautério. Infelizmente este tipo de sinequias podem apresentar recidivas, ou seja, podem voltar a se formar.
3- Polipectomias
Pólipos são os tumores uterinos mais frequentes, que por serem vascularizados, costumam ser responsáveis pela ocorrência de sangramento uterino anormal (durante ou fora do fluxo menstrual), cólicas e até infertilidade. Sendo que, em alguns casos, são relacionados a ocorrência de sangramento após a relação sexual.
Podem ser únicos os múltiplos, de tamanho e forma que variam muito, dependendo da idade e da utilização ou não de estrogênios.
Os pólipos podem se formar ou no canal cervical (pólipo endocervical) ou no corpo uterino (pólipo endometrial).
A retirada dos pólipos na histeroscopia cirúrgica deve ser completa e com sua base completamente removida.
É muito importante a completa remoção da lesão, garantindo quantidade suficiente de tecido para a avaliação anátomo patológica. Isto porque qualquer lesão polipoide, tanto em canal cervical como em corpo uterino, tem como diagnóstico diferencial a neoplasia de endométrio.
Normalmente a remoção é realizada com auxílio de alça de ressecção, que pode utilizar energia mono ou bipolar.
4- Miomas submucosos
Os miomas são classificados de acordo com o local em que se desenvolvem. Podem ser: intramurais, subserosos ou submucosos. Destes, somente os submucosos podem ser avaliados a tratados por histeroscopia.
Os miomas submucosos podem estar relacionados a aumento de fluxo menstrual, cólicas e em alguns casos até infertilidade.
Dependendo do grau de penetração do mioma submucoso em parede uterina ele pode ser classificado como:
Nível 0: Mioma submucoso pediculado, totalmente intracavitário.
Nível 1: Mioma submucoso com porção menor do que 50% dentro do músculo, ou seja, maior parte do mioma está dentro da cavidade uterina
Nível 2: Mioma submucoso com porção maior do que 50% dentro do músculo uterino, ou seja, menor porção está dentro da cavidade.
A miomectomia por histeroscopia é o procedimento de maior porte histeroscópico, ou seja, o de maior complexidade. Isto porque inclui muitas variáveis que fazem muita diferença nas chances de sucesso cirúrgico.
O número de miomas, seus tamanhos, a idade da paciente (com desejo ou não de engravidar) a localização dos miomas, além da sua classificação, são fatores que podem comprometer o resultado desejado. Uma vez que quanto maiores os miomas, mais vascularizados, portanto, maiores os riscos de sangramento e complicações intraoperatórias.
Cada caso deve ser avaliado com cuidado e muito bem explicado para paciente, que deve estar ciente de todas estas dificuldades e até limitações inerentes ao procedimento endoscópico.
5- Ablação endometrial:
Sangramento uterino irregular é uma queixa muito frequente no consultório ginecológico. Justamente em função disso, existem muitas maneiras de como proceder para investigar e tratar esta queixa.
A endometrectomia é a retirada de grande parte do tecido endometrial funcional, seguida da ablação endometrial, ou seja, eletrogoagulação (com alça tipo roller ball) sobre o tecido remanescente, fazendo com que a diminuição da área endometrial resultem na diminuição substancial do fluxo durante a menstruação.
Cada vez mais temos observado que os métodos menos invasivos apresentam vantagens com relação a risco cirúrgico e tempo de recuperação, se comparados a tratamentos convencionais. Portanto a endometrectomia tem se mostrado muito eficiente para controle e tratamento de quadros de sangramento uterino anormal. Isto porque, além de realizar múltiplas biópsias endometriais, aumentando a segurança na natureza da causa do sangramento, mostra redução significativa na quantidade de fluxo menstrual subsequente ao procedimento. Variando, claro, com volume uterino e outras doenças associadas. Já que quanto maior o volume uterino, menores as chances de sucesso. O mesmo vale para doenças associadas, miomas submucosos, presença de adenomiose ou até mesmo a existência de hiperplasia simples endometrial, que são situações que costumam cursar com grande volume de fluxo menstrual e podem comprometer o resultado da ablação endometrial.
6- Tratamento de Mal formações uterinas
Dentre todas as possibilidades de mal formações uterinas, somente o septo uterino pode ser tratado por histeroscopia cirúrgica.
Antes de qualquer intervenção cirúrgica, cada caso deve ser muito bem avaliado, para que seja muito bem identificado qual o tipo de mal formação uterina em questão, uma vez que para cada caso existe uma abordagem diferente. Importante deixar bem claro que nem todas as más formações uterinas têm necessidade ou mesmo indicação de qualquer procedimento cirúrgico.
Deixe nos comentários se você já fez algum dos dois tipos de procedimentos, e se lhe ajudou a ter uma melhor qualidade de vida!
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Dra. Kiara Francine
Dra Kiara Francine, formada em 1997 pela Universidade Federal do Paraná. Com residência médica pelo Hospital de Clínicas Da UFPR. Especialista em Endoscopia Ginecológica pela FEBRASGO.
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